Guiné > Bissau > Finais de 1965 > Numa esplanada da capital (Hotel Portugal?), da esquerda para a direita, Júlio Abreu (1º cabo), Virgínio Briote (alf mil) e Tony Ramalho (alf mil, mais tarde médico no Porto).
Fotos (e legendas): © Júlio Abreu (2008). Todos os direitos reservados [Edição: L.G.]
Guiné > Bissau > Hotel Portugal > Novembro de 1965 > Da esquerda para a direita, Vilaça, Valente S, um 3º elemento não identificado, Gião, Virgínio Briote, Marques e Tony Ramalho (hoje, médico pneumologista, no Porto, e escritor: de seu nome completo, António Herculano Ramalho Nunes de Almeida).
Foto (e legenda): © Virgínio Briote (2014). Todos os direitos reservados [Edição: L.G.]
1. Em 2 de junho último, o Virgínio Briote deu-me notícia da existência do seu (e nosso) camarada António Ramalho de Almeida a quem fica, desde já, o convite para integrar a nossa Tabanca Grande:
Viva Luís,
Há muitos anos que não o vejo [, ao Tony Ramalho]. Tenho o livro que ele escreveu sobre a comissão dele na Guiné e comprei-o na Barata há já alguns meses.
Sei que ele é pneumologista e trabalhou no Hospital Rodrigues Semide (Gaia). De funções oficiais está certamente reformado.
Anexo uma foto em que estamos à mesa do hotel Portugal onde tínhamos mesa reserva para jantar. É uma foto de Novembro de 1965, talvez.
Abraço, V Briote
Título: "Guiné Mal Amada - O inferno da guerra"
Autor: António Ramalho de Almeida
Editor: Fronteira do Caos Editores
Local: e data: Porto, 2013
Distribuição: Gradiva Publicações Lda
Rua Almeida e Sousa, n° 21, R/C – Esq.
1399-041 Lisboa
Nº de pp.: 224
ISBN: 989-864-70-47
Preço de capa: 14,76€
Há muitos anos que não o vejo [, ao Tony Ramalho]. Tenho o livro que ele escreveu sobre a comissão dele na Guiné e comprei-o na Barata há já alguns meses.
Sei que ele é pneumologista e trabalhou no Hospital Rodrigues Semide (Gaia). De funções oficiais está certamente reformado.
Anexo uma foto em que estamos à mesa do hotel Portugal onde tínhamos mesa reserva para jantar. É uma foto de Novembro de 1965, talvez.
Abraço, V Briote
Título: "Guiné Mal Amada - O inferno da guerra"
Autor: António Ramalho de Almeida
Editor: Fronteira do Caos Editores
Local: e data: Porto, 2013
Distribuição: Gradiva Publicações Lda
Rua Almeida e Sousa, n° 21, R/C – Esq.
1399-041 Lisboa
Nº de pp.: 224
ISBN: 989-864-70-47
Preço de capa: 14,76€
2. Sinopse (excerto da capa):
Promissor estudante de medicina, António Ramalho de Almeida vê-se subitamente mobilizado para o serviço militar obrigatório na sequência da contestação estudantil ao regime ocorrida no Dia do Estudante no ano de 1963, em Lisboa.
Promissor estudante de medicina, António Ramalho de Almeida vê-se subitamente mobilizado para o serviço militar obrigatório na sequência da contestação estudantil ao regime ocorrida no Dia do Estudante no ano de 1963, em Lisboa.
Após a recruta em Mafra, foi colocado na Escola Prática de Cavalaria em Santarém, onde tirou a especialidade na Arma de Cavalaria. É mobilizado para a Guiné, como oficial miliciano, e recebe como missão dar instrução aos locais, entretanto organizados em companhias de milícias. Mas a sua presença na Guiné não se esgota na instrução das milícias. Em Guiné Mal Amada, o inferno da guerra o autor descreve-nos o território, as populações, a presença portuguesa, e a guerra. A guerra na Guiné em toda a sua complexidade: as patrulhas, as colunas logísticas, as emboscadas, o perigo das minas, a contra-informação, os boatos, as traições. Tudo isto e muito mais, escrito por quem esteve presente, e viveu os acontecimentos na primeira pessoa. São estes os ingredientes que fazem deste livro um testemunho original, apaixonante, e intenso. (Fonte: Fronteira do Caos Editores).
3. O livro do nosso camarada, ex-alf mil do QG, Bissau 1964/66, António Ramalho de Almeida (*) foi apresentado no Porto e depois em Lisboa, na sede da Fundação Portuguesa do Pulmão, em 5 de Julho de 2013. A explicação é simples: o autor de “Guiné Mal Amada, o Inferno de Guerra” é hoje médico pneumologista, reformado..
Segundo contou o autor à jornalista Cláudia Pinti que o entrevistou, a ideia da obra partiu de uma pergunta inocente de uma das netas do autor. Da ideia à sua execução foi um salto. O livro foi redigido e concluido em poucos meses. Dessa entrevista, disponível na página da Fundação Portuguesa do Pulmão, extraímos alguns excertos, com a devida vénia:
(...) Como surgiu a ideia de escrever este livro?
Uma das minhas netas perguntou-me um dia o que tinha sido a guerra de África e se a mesma estava relacionada com o 25 de Abril. Fiquei surpreendido com aquela pergunta de uma menina de 12 anos e já com alguma escolaridade e disse-lhe que iria escrever duas ou três páginas para que ficasse a saber o que foi a Guerra do Ultramar. Comecei a escrever em manuscrito mas entusiasmei-me e fui desenvolvendo. Entreguei o que tinha escrito às minhas netas mas achei que ter aquele material apenas manuscrito não era suficiente e falei com o meu editor. Com a sua insistência e interesse, acabei por desenvolver a escrita do livro e foi um processo muito rápido. Em três, quatro meses concluí o livro.
A escrita é uma paixão. Podemos afirmar que se ganhou um médico pneumologista e perdeu-se um escritor?
Este é o 10º livro que publico mas não me considero escritor. Sou muito amigo de um verdadeiro escritor, o Mário Cláudio, que me diz que um escritor sente uma necessidade compulsiva de escrever. Sou médico, gosto muito da minha profissão mas praticamente todos os meus livros estão relacionados com situações que se vão passando na minha profissão. Enquanto pneumologista, tenho-me dedicado muito ao estudo da tuberculose e já publiquei vários livros relacionados com a doença cuja leitura está ao alcance de todas as pessoas.
A quem aconselha a leitura deste livro?
Aconselho este livro a todas as pessoas que tiveram no Ultramar porque irão rever muitas das situações pelas quais passaram e aos jovens porque não imaginam o que foi a guerra. Por aquilo que a minha neta me deu a entender, os jovens têm uma noção muito “leve” daquilo que foi a guerra que na verdade foi um conflito que matou cerca de 4000 portugueses. Muita gente ficou sem pai e muitas mulheres ficaram sem marido. Foi uma batalha dura sobretudo quando os militares viam que aquele conflito só tinha uma saída política. O fim daquela guerra não seria militar mas sim politico.
Foi difícil escolher o título do livro?
Escolhi o título “Guerra mal amada, inferno de guerra” porque para além do cenário de guerra, havia paralelamente uma beleza fantástica que só a África sabe dar. Passávamos por aquelas matas e víamos coisas fantásticas. Descrevo no livro uma noite em que fiz uma emboscada e em que havia um silêncio total no mato, quase um silêncio incomodativo. Era de uma beleza enorme a que uma pessoa não consegue ficar indiferente. Este foi o palco de uma guerra em que morreram muitas pessoas mas inserido num cenário da beleza africana.
(...) A sua neta deve sentir-se muito orgulhosa deste seu projecto e do facto de a ideia ter partido de si…
Para uma jovem de 12 anos, é um orgulho muito grande assistir ao lançamento de um livro cuja ideia partiu dela. Nunca imaginou que o desfecho da sua questão sobre a guerra fosse o lançamento deste livro e obviamente ofereci-lhe um exemplar com uma dedicatória muito especial que julgo que irá guardar toda a sua vida.
Já está a idealizar um novo livro?
Sim, estou a preparar o meu primeiro romance mas também relacionado com a tuberculose que conta a vida de um grupo de pessoas que está internado num sanatório privado. Há um conjunto enorme de situações que se vão desenvolvendo ao longo de sete anos muito marcantes do ano de 1958. Escolhi este ano porque foi nesta época que se começou a definir o tipo de tratamento para a tuberculose com medicamentos, foi o ano de eleições do Humberto Delgado e dentro das pessoas que estavam no sanatório, uma das pessoas era um político activista. É uma espécie de um diário com histórias muito engraçadas.
A escrita ajuda-o a gerir o stress do dia a dia?
Sou um médico muito activo porque trabalho com o estrangeiro, tenho um Congresso a que me dedico muito para a Medicina Geral e Familiar, faço investigação, tenho o meu consultório e os meus dois grandes hobbies são a escrita e a tocar música. Ambos colocam-me apto para realizar o meu trabalho no dia seguinte com todo o entusiasmo.
Segundo contou o autor à jornalista Cláudia Pinti que o entrevistou, a ideia da obra partiu de uma pergunta inocente de uma das netas do autor. Da ideia à sua execução foi um salto. O livro foi redigido e concluido em poucos meses. Dessa entrevista, disponível na página da Fundação Portuguesa do Pulmão, extraímos alguns excertos, com a devida vénia:
(...) Como surgiu a ideia de escrever este livro?
Uma das minhas netas perguntou-me um dia o que tinha sido a guerra de África e se a mesma estava relacionada com o 25 de Abril. Fiquei surpreendido com aquela pergunta de uma menina de 12 anos e já com alguma escolaridade e disse-lhe que iria escrever duas ou três páginas para que ficasse a saber o que foi a Guerra do Ultramar. Comecei a escrever em manuscrito mas entusiasmei-me e fui desenvolvendo. Entreguei o que tinha escrito às minhas netas mas achei que ter aquele material apenas manuscrito não era suficiente e falei com o meu editor. Com a sua insistência e interesse, acabei por desenvolver a escrita do livro e foi um processo muito rápido. Em três, quatro meses concluí o livro.
A escrita é uma paixão. Podemos afirmar que se ganhou um médico pneumologista e perdeu-se um escritor?
Este é o 10º livro que publico mas não me considero escritor. Sou muito amigo de um verdadeiro escritor, o Mário Cláudio, que me diz que um escritor sente uma necessidade compulsiva de escrever. Sou médico, gosto muito da minha profissão mas praticamente todos os meus livros estão relacionados com situações que se vão passando na minha profissão. Enquanto pneumologista, tenho-me dedicado muito ao estudo da tuberculose e já publiquei vários livros relacionados com a doença cuja leitura está ao alcance de todas as pessoas.
A quem aconselha a leitura deste livro?
Aconselho este livro a todas as pessoas que tiveram no Ultramar porque irão rever muitas das situações pelas quais passaram e aos jovens porque não imaginam o que foi a guerra. Por aquilo que a minha neta me deu a entender, os jovens têm uma noção muito “leve” daquilo que foi a guerra que na verdade foi um conflito que matou cerca de 4000 portugueses. Muita gente ficou sem pai e muitas mulheres ficaram sem marido. Foi uma batalha dura sobretudo quando os militares viam que aquele conflito só tinha uma saída política. O fim daquela guerra não seria militar mas sim politico.
Foi difícil escolher o título do livro?
Escolhi o título “Guerra mal amada, inferno de guerra” porque para além do cenário de guerra, havia paralelamente uma beleza fantástica que só a África sabe dar. Passávamos por aquelas matas e víamos coisas fantásticas. Descrevo no livro uma noite em que fiz uma emboscada e em que havia um silêncio total no mato, quase um silêncio incomodativo. Era de uma beleza enorme a que uma pessoa não consegue ficar indiferente. Este foi o palco de uma guerra em que morreram muitas pessoas mas inserido num cenário da beleza africana.
(...) A sua neta deve sentir-se muito orgulhosa deste seu projecto e do facto de a ideia ter partido de si…
Para uma jovem de 12 anos, é um orgulho muito grande assistir ao lançamento de um livro cuja ideia partiu dela. Nunca imaginou que o desfecho da sua questão sobre a guerra fosse o lançamento deste livro e obviamente ofereci-lhe um exemplar com uma dedicatória muito especial que julgo que irá guardar toda a sua vida.
Já está a idealizar um novo livro?
Sim, estou a preparar o meu primeiro romance mas também relacionado com a tuberculose que conta a vida de um grupo de pessoas que está internado num sanatório privado. Há um conjunto enorme de situações que se vão desenvolvendo ao longo de sete anos muito marcantes do ano de 1958. Escolhi este ano porque foi nesta época que se começou a definir o tipo de tratamento para a tuberculose com medicamentos, foi o ano de eleições do Humberto Delgado e dentro das pessoas que estavam no sanatório, uma das pessoas era um político activista. É uma espécie de um diário com histórias muito engraçadas.
A escrita ajuda-o a gerir o stress do dia a dia?
Sou um médico muito activo porque trabalho com o estrangeiro, tenho um Congresso a que me dedico muito para a Medicina Geral e Familiar, faço investigação, tenho o meu consultório e os meus dois grandes hobbies são a escrita e a tocar música. Ambos colocam-me apto para realizar o meu trabalho no dia seguinte com todo o entusiasmo.
Texto: Cláudia Pinto
Jornalista
[Reproduzido com a devida vénia]
_______________
Nota do editor:
Último poste da série de 30 de Junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13347: Notas de leitura (606): "Camaradas, Independência", fotografias de Tadahiro Ogawa nos campos do PAIGC (Mário Beja Santos)
Jornalista
[Reproduzido com a devida vénia]
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Nota do editor:
Último poste da série de 30 de Junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13347: Notas de leitura (606): "Camaradas, Independência", fotografias de Tadahiro Ogawa nos campos do PAIGC (Mário Beja Santos)